segunda-feira, 24 de novembro de 2008



VZYADOQ MOE
Um nome impronunciável para um som impressionante

(Bizz – Novembro de 1986).


*Quando a fita aterrissou aqui na redação, os primeiros ouvidos logo questionaram: O que é isso? De onde vêm: Quem são?” Isso era uma mistura inspirada no expressionismo alemão e na poesia dadaísta, usando latas como bateria e percussão, e um vocal antivocal, fora do ritmo. Eles vêm de Sorocada, interior de São Paulo, e são os Vzyadoq Moe.

Nossos ouvidos não mentiram. Apesar de terem montado o grupo há apenas sete meses, esses garotos (15 a 17 anos) já têm seus caminhos muito bem definidos.
“Queremos chegar à Europa. Tem muita gente que acha que banda nacional não presta. Queremos mudar isso. Temos condições de arrebatar o cetro de Londres. Lá está tudo
morto! As únicas coisas novas e que realemtne prestam são Smiths e Jesus and Mary Chains.
E aqui? “Merce
nárias, Akira S & As Garotas que Erraram, Cabine C, Chance e Fellini”, concordam.
Orlak acrescenta: “Mercenárias estão acima dos outros, mas o Vzyadoq está acima de tudo”, conclui Fausto.
O nome foi feito á base de sorteio de letras. No mais, minimalismo e preocupaç
ão de não parecer nada. “Virou até paranóia. Descartamos muitas músicas, porque achamos que pareciam com alguma coisa. Além disso, o que torna o som característico é o fato de todos os instrumentos estarem direcionados para idéia de banda, e não o contrário”, vão completando um após o outro.
Edgard (baixo), Fausto T. (vocal e letras), Orlak (guitarra), J. Calegari Jr. (guitarra) e marcos (percussão) não estão sen
do arrogantes. O Vzyadoq é diferente, é novo, é demente, é idéia pura. Que venha o vinil para que todos possam conferir.

Sônia Maia.

Sobre o Disco "O Ápice":

O ÁPICE


Vzyadoq Moe foi batizado em Sorocabano final de Abril de 1986 , exatamente 70 anos depois de Dada em Zurique , com uma saudável salada de letras roubadas do acaso. E significou o mesmo: " O primitivismo, o começar do zero, o novo em nossa arte ".
A palavra Dada foi adotada por um grupo de jovens exilados, na sua maior parte pintores e poetas abrigados na Suiça e reunidos no Cabaret Voltaire... O nome Vzyadoq Moe foi adotado por um grupo de jovens estudantes então quase todos menores de idade, radicados na cidade industrial interiorana de Sorocaba ( a "Manchester paulistana" ?! ), que gostava de Cabaret Voltaire, do Bauhaus e Joy Division. Nenhum deles sabia tocar sequer um instrumento. No primeiro ensaio, tocaram "coisas fáceis", pinçadas do repertório das bandas acima citadas. Já no segundo ensaio começaram a criar. E, nesse caso, tudo o que começou a aparecer era novidade. Os rapazes aplicavam técnicas de criação sob pressão, sempre acabavam voando latas, caixas de papelão e outros utensílios.
Março de 1988. Em breve sai da prensa o primeiro "manifesto vinilista à nação" do Vzyadoq Moe, pela produtora independente Wop Bop, sob o nome O Ápice. Vamos às apresentações: Fausto, vocalista e letrista expressionista de 18 anos; Marcelo e Jaksan, guitarristas, respectivamente 18 e 16 anos; o baixista Edgar, o velho de barba branca da banda, 28 anos; e Marcos, especialista em destruir latas, caixas de papelão e bumbos diversos com suas baquetas, 19 anos.
Para compor, alguns métodos nada formais. Edgar: "Qualquer um dos instrumentos pode achar um fraseado, uma sonoridade interessante a partir do caos inicial. Daí, os outros seguem atrás daquela idéia, de improviso, e acabam acertando". Marcelo: "Não existe lei. Às vezes o baixo faz a linha da guitarra, a guitarra marca o ritmo e a bateria define a melodia". Fausto: "Faz-se a costura e a melodia aparece somente quando todos os instrumentos estão tocando". Mrcos: "Tem música em que o baixo é uma terceira guitarra". Fausto: "Minhas letras não são escritas para serem letras. São poemas inspirados no expressionismo arcaico e em Clarice Lispector". Marcelo: "Nossas guitarras são rigorosamente iguais. Não existe aquela história de base e solo. Elas se atropelam, se fundem e fazem o ambiente". Marcos: "Se eu tivesse dinheiro para comprar um kit de bateria normal, eu não compraria. Procuraria investir em pedais e efeitos para completar minhas latas, em busca de melhores timbres". Todos: "Temos medo da tecnologia. Ela pasteuriza tudo. Ela interessa apenas para valorizar o som acústico. O único instrumento digital que utilizamos na gravação foi um sampler, para brincar com a voz e a bateria, mesmo assim muito discretamente..."
Entre gravações e mixagens, o Vzyadoq Moe ficou duas semanas no estúdio. Para produzir seu LP de estréia, chamaram o músico, jornalista e integrante do grupo Chance, José Augusto Lemos, o Scot. Este ajudou a definir formas de gravação específicas, orientadas para preservar o clima da música. Marcos: "Nas primeiras tomadas de som, minhas latas pareciam bateria eletrônica. Scot enfiou microfones por tudo quanto é lugar no estúdio, o que permitiu captar todos os timbres com precisão, pela reverberação..."


No disco, cada faixa apresenta uma orientação de composição diferente das demais. O som é rústico, "sujo", muitos erros de execução foram incorporados de forma criativa na mixagem.
E esse som é

nosso. Só ouvindo para conferir.

http://www.geocities.com/vzyadoqmoe/artvz.htm









O Ápice:

1. Junto Ao u
2. O Último
Designo
3. O Incerto

4. Desejo Em Chamas

5. Redenção

6. Não Há Morte

7. A Monomania

8. O Ápice

9. Guerra das Sombras

10. A expansão

Download aqui:


http://rapidshare.com/files/164056568/Vzyadoq_Moe_O_Apice.rar



8 comentários:

  1. Gostei do som deles... mais da música em si do que das letras. Nunca tinha ouvido falar nesses caras.
    Agora, uma curiosidade, o que aconteceu com eles?

    Visite meus blogs:
    http://jornadadeumjornalista.blogspot.com/
    http://lucasconrado.blogspot.com/

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  2. Caramba... Isso é o que eu chamo de garimpar e encontrar raridades.
    Acho que nem rádios clássicas do eixão Rio-SP tocaram isso.
    E vocês foram lá e trouxeram essa banda.
    Muito bom

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  3. Boa a banda!
    Mais uma que não conhecia e passei a conhecer graças a esse blog!

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  4. Nunca ouvi falar...mas é sonora....só q não curti muito as letras!!!A melodia é boa!

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  5. Seu blog tem muita coisa boa e pra descobrir tb .. gostei muito .. rsrs

    Abç. e sucesso..

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  6. saudoso vzyqdoq moe,
    lembranças...

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  7. INCOMPARÁVEL! ÚNICA!
    O segundo disco, "Hard Macumba", também está além de qualquer coisa em termos de rock no Brasil!
    Camilo Prado.

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